quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

O caçador

Um executivo anónimo que de canos serrados ou olhos cerrados transpirava adrenalina. Era bom no que fazia e talvez por isso as camisas e as gravatas de seda chegassem sempre a casa repletas de odores. Falava e salivava, mas no charme ou na astúcia podia-se distinguir um felino.
Fossem talentos ou animais, era o seu prazer, caçar. Não era pelo sangue, quando esventrava as suas vítimas em competição aos caninos que o acompanhavam. E no caso de ser Humano as promessas não eram, de todo, a razão.
Um executivo, mimado enquanto adulto, perseguido enquanto criança.
Encontrava no perfume das mulheres, que perpetuava nas gravatas, a vingança.
Saboreou um pedaço de lebre e antes de se deitar, vomitou as memórias de mais um dia, e já acordado, de tábua rasa, olhou para a sua agenda. Estava na hora de ir caçar pelas ruas da metrópole, entre os empregados de mesa e as saias.

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