Richard retirava minuciosamente todos os pelos e cabelos brancos que lhe iam aparecendo como pequenos raios que anunciam que mais um dia passou. Na sua posição, a crítica também não pode ser muita, pois ostentar juventude e confiança é quase tão importante como comer.
Ao mesmo tempo alguns milhares de Km a sul, Margarida saía apressada para, despenteada e salpicada de pequenas gotas de tinta, apanhar o autocarro no centro de Lisboa. Não era seu costume adormecer, mas apenas o facto de ter de andar de avião deixava-a atormentada, e a verdade é que a insónia a consumiu.
Mais tarde nesse mesmo dia Margarida e Richard iriam encontrar-se.
Sentou-se no seu Carrera 4s com bancos forrados a pele clara. Todos os dias, cumpria os seus rituais. A sua grande casa em Dulwitch era talvez uma das mais carismáticas casa de Londres. Não porque os traços do arquitecto fossem originais, pois a comunidade não tolera. Mas exactamente porque Richard vivia sozinho. O preço a pagar por se trabalhar no topo de Canary Wharf pode ser alto, mas ele era talhado para aquilo, e sabia-o, quase arrogantemente.
A artista Inglesa que a tinha convidado a participar num workshop e exposição consequente nem era muito conhecida. Mas apenas a oportunidade de trabalhar e expor em Londres deixava-a absolutamente fora do controle da situação. Depois de dois tragos de vodka a resposta foi sim.
Margarida olhou para o relógio e fechou os olhos, embarcara na viagem da sua vida.
Richard olhou para o relógio, entrou no escritório, e recebeu a missão da sua vida.
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E...nada acontece por acaso! Gostei. Beijos.
ResponderEliminarO tracejado começa a parecer uma linha...:)
ResponderEliminarbjs
e nós ficamos a imaginar... :)beijos
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