terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

Loucura

Enquanto Richard lhe acariciava os cabelos, Margarida lembrava-se de Londres, nostálgica e em tons de cinzento. Criava também as imagens da sua Londres de ruídos e odores e esconderijos multicolores. Era esta a cidade na qual passou um mês de loucura. Loucura contínua que a acompanha a cada avião, a cada fugida da realidade.
Mas é a sua alma a chamar por si - pensou.
E na noite perdida perto do Barbican Center no coração de Londres, pelo qual havia passado vezes sem conta para ver exposições de arte, mas que à força do aço e do vidro das luzes sem identidade e das ruas esquecidas se tornam numa descoberta a cada vez. E naquela noite levaram-na num desespero a dirigir-se à primeira pessoa que viu. Àquela hora sabia que não deveria estar sozinha.
Margarida é noctívaga, e aventura-se frequentemente pelas noites das cidades que visita, como num sonho, como uma esponja que absorve. Cada porta entreaberta, cada sombra que espreita através de um armazém abandonado são convites à sua loucura. A loucura que a levou à festa em que conheceria Richard.
Deu-lhe um beijo e adormeceu.

3 comentários:

  1. Está bem. Loucura todos temos. Gostei de mais um capítulo da história a 4 mãos. Eu sei. Não é história. É um monólogo...beijos.

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  2. Qual é a missão de Richard? Conquistar Margarida e "prende-la" em Londres? E Margarida? Será que gosta tanto assim de perder-se na noite? Ou ela perdeu-se em si mesma? Será que Richard servirá de farol-guia?

    Uau! Quantas perguntas! :))

    Estou adorando... :)

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  3. loucura é algo de que nunca se deve prescindir... :)
    beijos

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