terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

Exposição (i)

Olhou para o quadro, e por ali parou o tempo em minutos ou horas, que a levaram a percorrer todo o espaço, imenso e colorido. E a tela pintada em vermelho escuro o suficiente para que entre as texturas se pudessem observar os brilhos do sangue. E então, bem no centro daquele rectângulo escarlate, estava um furo. Um pequeno buraco com a forma de uma bala.
Margarida pensou em perfeição. E segundo todos os padrões de perfeição aquele quadro estava longe disso. Mas o que era a perfeição? O que era aquele sentimento de que nem tudo é bom ou bonito, nem tudo está certo mas ao qual a perfeição é inerente.
Ao fundo, naquela sala repleta de pinturas, numa miscelânea de expressão artística de exaltação às armas de fogo, vislumbrou um homem. Alto, moreno de olhos verdes. Interrompendo aquela dupla fixação veio a artista que a convidou para o workshop mostrando-se espantada e até um pouco embaraçada com a sua presença em tão selectivo meio.
Margarida perguntou quem era o homem que a olhava, numa tentativa de levar ao engano as suas fixações. E na resposta peremptória obteve um simples, cuidado, não é artista nem conhecedor, é rico e apreciador, tem bom gosto mas é selectivo, e ninguém sabe muito sobre ele. O seu nome é Richard.

3 comentários:

  1. Ah... esses avisos... :)
    Servem como: está vendo aquele buraco enorme? Pula nele! :)

    bjs

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  2. bom, Richard e Margarida já se encontraram. gostava de ver esse quadro... fiquei curiosa. :)
    beijos

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